Aos 24 anos, Vitor Motta Nunes Bill, se consolidou como um treinador de futebol profissional ao assumir o comando do Patrocinense, time tradicional do interior de Minas Gerais e que está disputando uma vaga na elite do estado.
Primo do ex-lateral direito do Corinthians Alessandro, campeão mundial pelo clube paulista em 2012, Vitor é o treinador mais jovem do país em atividade em um time masculino adulto, conforme consta os registros presentes no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. No elenco do clube mineiro, mais da metade dos jogadores é mais velho que o comandante.
Ex-volante, Vitor chegou a disputar a Série D do Campeonato Brasileiro, mas decidiu deixar a vida de atleta e se tornar treinador. Em conversa ao GE, o comandante detalhou a mudança de trajetória e declarou que está realizado na nova função, explicando as ideias de jogo que costuma aplicar. O técnico ainda garantiu que apesar da pouca idade, não se sente intimidado pelos jogadores mais experientes, conseguindo lidar bem as críticas que recebeu na carreira.
“Às vezes, você fica um pouco receoso com a forma como eles vão aceitar a diferença de idade e tudo. Eu sou um treinador da nova geração, inclusive, por estar recentemente do lado de lá [como jogador], eu sei como um atleta gosta de se portar, eu sei a nomenclatura atual a se usar com o boleiro, com o atleta, e isso facilita bastante o meu convívio no dia a dia com eles”, declarou.
Vitor também falou sobre o desafio de conciliar a vida profissional com a de treinador, ressaltando a responsabilidade que tem com a própria imagem e com os estudos para se manter no cargo.
“Eu sou um cara mais tranquilo, até pela idade. A gente gosta de sair um pouco, de ter um lazer, dar uma espairecida na cabeça. Mas até mesmo pela responsabilidade que hoje eu assumi o cargo, a gente tem que se abdicar de certas coisas, principalmente nesse início de carreira. Eu tenho que saber que, assim como foi uma escolha minha ser treinador, eu tenho que ter essa responsabilidade. E as consequências dos meus atos influenciam muito”, comentou o treinador.
O jovem técnico disse que se sente “100% preparado” para comandar o Patrocinense ou outros times no futebol brasileiro, caso precise. Com o CAP, ele começa a disputar a Fase Triangular do Módulo 2 do Campeonato Mineiro na quarta (02), em jogo contra o North às 20h (horário de Brasília), no Estádio Pedro Alves do Nascimento, em Patrocínio.
“Eu me sinto preparado como treinador, eu acredito que não exista uma matemática de com tal idade você vai ser treinador. Isso é da personalidade de indivíduo para indivíduo, e de oportunidade. Eu acredito que eu estava preparado e qualificado quando eu recebi as oportunidades”, finalizou.
De jogador a técnico
Nascido em Curitiba em dezembro de 2000, Vitor começou sua carreira no futebol no Paraná e chegou a jogar profissionalmente pelo Blumenau-SC. Logo depois, se transferiu para o Rio Branco-PR, onde jogou o Campeonato Paranaense e o Brasileiro da Série D. Em 2021, entrou em campo para encarar o Athletico na Ligga Arena pelo estadual, perdendo para o Furacão por 2 a 0.
Enquanto se dedicava ao esporte, ele também focou nos estudos e se formou em Educação Física. A graduação levou a uma proposta inusitada em 2022, se aposentar dos campos e passar a compor uma comissão técnica, missão que ele decidiu aceitar.
“Naquela época, eu acabei tomando uma decisão. Não estava muito feliz com o meu momento no futebol, a gente sabe que a vida de jogador é altos e baixos, e eu acabei aceitando esse desafio”, finalizou Vitor.